quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Fag Side Story


Tonight - Carol Lawrence / Larry Kert


Musicais! Todos nós de alguma forma os conhecemos, este ou aquele, trauteamos algumas canções ou pelo menos reconhecemo-las. Há o “Musica no Coração” que marcou a infância de varias gerações, há o “Cats” que embora não me consiga convencer, ficou em cena durante anos a fio, há o “ Fantasma da Opera” cujos acordes nos fazem vibrar, o “Moulin Rouge”, sobre o qual não precisamos de falar…e depois há esse clássico do cinema (que convém frisar ter começado como uma Opera!) que é o West Side Story. “Ahhh” exclamam os meus 13 leitores. “Acho que nunca o vi!” pensarão alguns. Pois é, mas deviam! (lol) A vida não é só o “sexo e a cidade”.
Desde o momento em que o pequeno panilas decide esticar os braços e as pernas, abre os olhos e cheio de coragem sai do armário que começa a trilhar uma senda de bichisse. Primeiro vem o porno, depois os dates, depois a roupa, a musica e é aí que chega a já um degrau médio/alto de bichisse que são os musicais (o nível imediatamente a seguir é a Sailor Moon). Ora, eu atingi esse nível ontem.
Ontem fui ver o “Amor sem Barreiras” do La Féria. “Oh Meu Deus, que bicha!” vão os meus leitores pensar. E eu ralado! Uma coisa em relação a este espectáculo que sempre me aborreceu é o facto de estar em cartaz “ um espectáculo de Felipe La Féria” quando o musical foi produzido por Leonard Bernstein. No entanto, engoli esse detalhe e lá fui à Broadway lisboeta. Casa cheia, velhos e novos, uns casais giros, “rapaziada nova”, velhotes vindo das terrinhas cujos casacos cheiravam a naftalina sentados a meu lado, umas gajas boas sentadas do outro lado. O Politeama é um teatro giro. Pequeno mas acolhedor, e com um palco cheio de mecanismos que já tanta falta faziam em outros teatros nacionais.
Sobe o pano, os primeiros acordes começam a soar. Entram os gangues. Para quem não conhece a história, clique aqui. Resumidamente é um Romeu e Julieta passado em Nova Iorque durante os anos 50, onde em vez de famílias temos gangs de nacionalidades diferentes. A primeira impressão foi vontade de rir. Não sei se a intenção era serem badboys ou se era para serem machões que afinal gostavam de se vestir de mulher à noite no Finalmente, porque os jeitos, os maneirismos, e as expressões não enganavam ninguém. Safavam-se a cantar mas nao eram nada comestiveis, o cenário estava engraçado, até que surgiu a Lúcia Moniz. Acredito que a Anabela cante melhor este papel, mas tirando alguns momentos portou-se bem, sentido-se nitidamente à vontade em palco. Quem faz de Maria tem uma voz bonita e pode ser que se safe, quem faz de Anton é o que ficou em segundo lugar na última Operação Triunfo (segundo me contaram). Safa-se a cantar falhando algumas notas graves e fazendo um falcete no fim do “ Maria” muito forçado. Contudo, não estou aqui para estar a criticar quem canta porque não sou musico profissional nem a finalidade deste blog é essa.
O musical teve dois grandes momentos altos em que não consegui parar de rir. O primeiro é a cena de sexo. Não estou em crer que seja isso que está no libretto, mas afinal o musical é do La Féria e não do Bernstein por isso paciência. Enquanto os dois amantes estão na cama, num estrato elevado, em baixo aparecem bailarinos com roupa justa, evidenciando as nádegas trementes e os tintins saltitoes. No então melhor que isso é os dois amantes moverem-se conforme a musica se torna mais intensa ou não. Eles esticam os braços, a certa altura levantam-nos no ar, como se fazer sexo fosse um verdadeiro bailado debaixo de lençóis (acredito que nem a maior bicha do mundo se mova daquela forma!). O Segundo momento alto da noite é a cena em que Tony é baleado e cai morto no chão. Ouve-se um tiro, a audiência assusta-se com o barulho e o que era suposto ser um momento dramático acaba por ruir pois desata tudo à gargalhada com o valente susto que apanhou. Vontade para rir não me faltou, quando as ultimas frases são ditas e o pano cai.
Mais umas coisas são interessantes de salientar antes de terminar este extenso post. Em primeiro lugar, o facto de ser o próprio La Feria e a sua equipa quem gritava “Bravo!” bem alto sempre que acabava uma canção, como forma de tentar levar o publico a aplaudir, uma vez que este parece não ter capacidade de decisão (mas esse é um assunto muito discutido, uma vez que se trata de uma diferença entre americanos e europeus, e não da falta de bom gosto português). Uma outra coisa engraçada de reparar eram as legendas para inglês. Nenhuma delas dizia o que os personagens diziam. Simplesmente indicavam “ tony meets Maria in the fire Stairs” ou coisas semelhantes que qualquer um poderia perceber desde que estivesse a olhar para o palco. Ainda assim, não é de deixar louvar o esforço que Felipe La Feria tem feito em Portugal a nível artístico. Pena não haver muitos mais como ele.

2 comentários:

Adão disse...

É para comentar? LOL

blogger disse...

obviamente que sim! lol