domingo, 30 de agosto de 2009

sobre mudança de pneus ( ou porque não sou hetero)

Aqui há dias ia a sair do meu local de trabalho e uma colega ia dar-me boleia até casa no seu jipe, a mim e a mais umas outras gajas. Qual a nossa surpresa quando vemos que o pneu do dito jipe estava furado e muito em baixo! Ora, ficámos a pensar em como resolver o assunto. Trocar o pneu? Como fazer? Alguém sabe? E eu, muito angustiado, querendo muito ajudar, senti-me impotente porque nunca o fiz na vida e nas aulas de código a única coisa qu aprendi foi a saber o sentido em que se rodava a chave para tirar os parafusos da jante. Ora, estávamos todos lixados! Ou não…macho que é macho, hetero que é hetero, homem que é homem, ao ver damas em apuro ( e um panilas ao lado mas esse não conta) para o carro para as ajudar, e foi isso mesmo que aconteceu. Um outro colega de trabalho, bastante musculado por acaso e com um rabiosque redondo e aparentemente muito firme, com cabelo com gel para cima e uns bíceps muito bem torneados, parou a sua carrinha audi para nos ajudar. Suspeito que para as ajudar a elas e não tanto a mim, mas isso são outras reflexões. O rapaz sabia o que fazer. Tirou o pneu, colocou o macaco, e fez o serviço como um profissional, sem pedir nada em troca. Aparentemente ainda há quem ajude só por ajudar, de forma completamente desinteressada (ele tinha aliança e bastante visível, portanto também não estava muito interessado em impressionar as garinas). O mais engraçado de tudo, sem ter graça nenhuma é que durante esse acto, muitos outros machos se juntaram à nossa volta mandando bitaites (não sei dizer esta palavra) sobre o que fazer, comentar isto e aquilo, mas sem nunca se mexerem muito. Daquelas coisas muito portuguesas, quando algo acontece e muitos se juntam À volta para ver e comentar, demonstrando ares de contrição e apoio aos infelizes contemplados com um bafejar de azar. O rapaz musculado lá ajudou. Eu só ria e mandava piadas para manter a moral do pessoal e a certa altura la agarrei no pneu e muito pouco convictamente perguntei: “posso tentar ajudar?” hahaha! No fim de contas, acabei por ficar com as mãos todas sujas. Posso não ter trabalhado nada mas os resultados de muito esforço estavam visíveis.
É por estas e por outras que apesar de me achar bastante straight acting boy, no fim de contas, correspondo ao grande cliché de bicha tonta que nem um pneu sabe mudar. Sinceramente!

Dos Casamentos


Ontem fui a um casamento, o acto supremo da celebração do amor (ainda que muitos o achem uma patetice, uma perda de tempo e dinheiro, uma grande hipocrisia, isto e aquilo) mas eu não penso assim. Penso que há casamentos e casamentos, como há comida e comida, restaurantes e restaurantes, marcas de roupa e marcas de roupa, ou seja, tudo depende e é relativo. Acontece que neste caso os noivos são meus amigos de infância e já namoram há consideráveis anos, mantendo sempre um enorme respeito um pelo outro (daquelas coisas que já não se vê muito por aí) Foram pessoas que por motivos religiosos decidiram guardar a sua virgindade até este momento. Uns dirão: que desperdício e idiotice. Eu pergunto: Porquê? Se se amam há tanto tempo, porque não oferecem uma coisa tão intima e importante como a virgindade ao outro parceiro? E agora muitos olham para mim com olhares chocados e enojados, a pensarem como sou eu capaz de dizer estas coisas, mas eu digo e torno a dizer. Sempre considerei a virgindade como uma coisa importante que não deve ser tratada de forma leviana. Não é por falta de ida aos treinos que o jogo não resulta. Há mais, muito mais em jogo. E agora devem achar que eu sou um grande inocente por pensar que eles são mesmo virgens. E porque não? A força de vontade pode ser muito grande, o prazer da espera, e porque ainda há pessoas com outros valores (conservadores? Retrógrados? Ou só diferentes do geral?) e que os decidem manter como forma de vida e eu não vejo mal nenhum nisso.

Ora bem, continuando, Uns dirão: acomodaram-se. E eu pergunto: e é mau? É mau uma pessoa ter uma coisa estável com outra e decidir passar o resto da vida com esse alguém que lhe faz sentir bem? A meu ver não me parece. E normalmente quem é contra esse tipo de coisas é porque no fundo não admite que é isso mesmo que quer para a sua vida mas que até então tem sido incapaz de alcançar. E mais, será que é preciso passar por situações de pós-namoros para perceber que aquilo que se tinha era óptimo para nós, perfeito e que nunca o deveríamos ter acabado? É preciso passar pela amargura do depois de alguma coisa acontecer que gostávamos muito para perceber o quão bom e importante e bem nos fazia sentir? Fico muito mais feliz por saber que mantive uma coisa boa e que me fazia bem do que tê-la, perde-la e lembrar-me com nostalgia e remorso dela.

Posto isto, para finalizar. Casamentos deixam-me sempre deprimido. Porque se celebram pessoas que se amam, passam-se daquelas musicas românticas e enjoativas que mexem comigo, os meus amigos quase todos já estão em relacionamentos estáveis e duradouros, e muitos a casar, e eu por vezes penso que gostaria tanto de ser hetero, que tudo seria tão mais fácil, e que também poderia ter momentos deste género partilhados com alguém de quem eu gostasse, momentos de celebração e reconhecimento por parte dos meus amigos e familiares do meu relacionamento amoroso.

sábado, 15 de agosto de 2009

Dates

Ah já me lembrei. Então cá vai.

Provavelmente, muito provavelmente até, só acontece comigo, mas deixo em tom de pergunta ao meu prezado e mui fiel leitorado a seguinte questão: quem é que nunca teve um date que fosse um aborrecimento? Ou melhor: quem é que nunca foi para um date quase que por favor? Pois, se calhar ninguém, mas eu já fiz disso. E estou a falar sobre isto porque foi uma coisa que me aconteceu recentemente e que ainda está fresca na memória.

Estávamos a falar no Messenger (a falar é como quem diz, eram apenas umas frases básicas intercaladas) e mostrámos umas fotos de cada um de nós e eis que surge o convite: “ah e tal queres ir beber café? “E eu cá para comigo “hum, tenho isto e aquilo para fazer, e tenho que preencher tempo pelo meio”. “Está bem, sim senhor, pode ser” acabei por responder. E lá aconteceu. Há hora marcada (com atrasos pelo meio. Um aparte: é feio, muito feio, fazer a outra pessoa esperar mais que 15 minutos, mas sobre isso noutro post) lá estava eu e eis que ele também chega, e lá fomos ao café. Não houve problemas em termos de aparência física nem de conversa, nada dessas razões justificaram a minha falta de interesse. Eu apenas não estava para ali virado. Conversámos um bocado mas daí a pouco tive de me ir embora, por questões de urgência horária (que eu sou importante).

Quando saí dali pus-me a pensar no sucedido e até comentei com alguns. Há quem tenha dito que sou demasiado exigente com as pessoas. E eu pergunto: é uma questão de exigência ou uma questão de identificação? Se não me identifico minimamente com a pessoa em questão, as coisas podem sair bem educadamente, mas depois adeusinho e até mais ver. Outra razão que pode justificar este desinteresse é o facto de eu ainda não estar totalmente recuperado dos últimos acontecimentos na minha vida. Por último, e a meu ver, o mais correcto e aplicável de todos, a razão que justifica tudo isto é uma mudança na minha forma de estar e encarar a vida. Os meus interesses mudaram (ou evoluíram, como queiram) e com a idade (estou muito velho!) e alguma experiencia acumulada, há coisas para as quais já não estou virado. Talvez porque tenha adquirido mais respeito e amor próprio.

Enfim, não sei bem ao certo mas a verdade é que enquanto o cafezinho se desenrolava eu só pensava nas séries e filmes que tinha em casa e que podia estar a ver.

esqueci-me

tinha qualquer coisa para escrever aqui mas agora que cá cheguei, esqueci-me completamente. prometo que vou tentar lembrar-me à força toda do que era.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O Nome da Coisa

Estava aqui há dias, já não me lembro bem quando, ah mentira, foi ainda ontem, a conversar com duas colegas sobre o medo que muitas pessoas têm de dar nome as coisas ou de as chamar pelos nomes delas. E isso é tão visível, e se me meter aqui a pensar sobre isso, é cada vez mais frequente. Tudo começou quando começámos a chamar alguém por “ó coiso, anda cá!” e daí para a frente foi o descambanço total! Pensemos nas inúmeras formas de nomear o acto de acasalamento ou cópula. Foda, queca, enterra o bicho, mandar uma, vira para cá o bujão e toma lá morangos, papar, comer, arrebentar, e tantas outras que com alguma criatividade e perseverança eu me iria lembrar.
Ora, são estes casos meros exemplos de expressões habituais que usamos quase que diariamente, no entanto, existem outros casos, a meu ver mais críticos, que revelam uma certa incapacidade por parte dos indivíduos em admitir ou reconhecer determinada situação e assumir as responsabilidades a elas associadas. Ora vamos lá ver vários exemplos. Comecemos com o acto de namorar. Uns namoram, outros andam, outros curtem, outros são amigos coloridos, outros casam, etc, etc. Então mas afinal não é tudo muito o mesmo? Naturalmente que existem os factores tempo e sentimento como determinantes mas bem vistas as coisas, tudo isto não passam de várias formas de dizer que beltrano naquele momento está envolvido com sincrano. Outro caso interessante de observar é quando o namoro termina. Acabou ou deram o tempo? E quanto tempo é dar um tempo? E que se faz ao fim de um tempo? Diz-se “ ah e tal, adeus”? ou quando se avança para “dar um tempo” é porque queremos acabar mas não queremos ser tão brutos ou rudes? C’um camandro! Se acabou, acabou, se namorou, namorou. Depois há as relações abertas, ou o mesmo que amizades, cujos indivíduos gostam muito um do outro, mas que também gostam de enterrar os bichos em outras freguesias. Se assim é, não é namoro, não é? Ou é? Ai que grande confusão! Antigamente é que era, casava-se para toda a vida e não havia margem para duvidas! Claro que filhos bastardos havia aos pontapés…e ainda bem que os cocheiros e ademais rapazes não conseguem engravidar…senão é que era o elas!